Prezada Comunidade Escolar

12/02/2020 19:08

 

A reunião realizada ontem, 11/02, às 18 horas, no Auditório Garapuvu do Centro de Eventos da UFSC, contou com a presença da Associação de Pais e Professores (APP), Grêmio Estudantil do Colégio de Aplicação (GECA), da Reitoria (GR), Pró-reitoria de Gestão de Pessoas (PRODEGESP/DDP), Direção do Centro de Ciências da Educação (CED) e do Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI), Associação de Professores da UFSC (APUFSC), Sindicato de Trabalhadores em Educação das Instituições Públicas de Ensino Superior do Estado de Santa Catarina (SINTUFSC). O objetivo da reunião como explicitado em comunicado anterior foi informar sobre a grave situação enfrentada pelo colégio em virtude da redução de verba orçamentária, suspensão das contratações de professores novos que implica em aulas em aberto nos segmentos dos anos iniciais, finais e médio, como também redução de número de bolsistas a partir de março. Estavam presentes mais de 300 famílias presentes, algo histórico na vida do nosso colégio!

No presente momento das 1684 aulas oferecidas semanalmente no CA, 221 aulas estão sem professor. Caso este quadro não seja revertido imediatamente o número de aulas vagas irá aumentar para 344 antes de junho e a situação pode piorar ainda mais no caso de afastamentos de saúde ou término de contratos. O coletivo de professores/as dos Anos Iniciais, em virtude da idade das crianças. cobrirá as aulas em aberto em virtude da idade das crianças somente até o dia 21/02/2020.  

Infelizmente o nosso caso não é o único. Todos os Colégios de Aplicação e Institutos Federais do Brasil assim como as universidades federais estão vivendo a mesma situação. A avalanche de documentos recebidos do governo federal em janeiro deste ano está criando uma sensação de insegurança e instabilidade para gerir os recursos materiais e de pessoal.

No fim de tudo quem está sendo mais prejudicado é o conjunto de 945 estudantes que corre o risco de não ter suas aulas. Para gerir um colégio do nosso porte são necessárias tranquilidade e segurança de pelos menos 6 meses de antecedência de alterações na gestão de recursos humanos e materiais. Organizar um semestre com mudanças desse porte informadas em janeiro do ano corrente compromete a eficácia e gestão dos recursos públicos.

Enfrentamos neste momento três grandes problemas:

1) o aprovisionamento de 34% do dinheiro da verba destinada ao colégio que resultará na impossibilidade de arcarmos com despesas como: material para o setor de enfermagem, jogos educativos e brinquedos, materiais didáticos das aulas de arte (música e artes visuais) e compra de papel para impressão de atividades. Outro impacto será na merenda. Nós recebemos do PNAE apenas R$ 0,36 por refeição/lanche e o custo da merenda elaborada pelo Setor de Nutrição do colégio é de R$ 2,93 em média.

2) Diminuição de mais de 50% das bolsas estudantis para alunos de graduação que, mediante a supervisão dos profissionais da escola, auxiliam nas atividades de vida diária e na mediação da aprendizagem dos estudantes com deficiência. Para garantir a acessibilidade do ensino para todos os estudantes necessitamos 37 bolsas-estágio e no momento temos a confirmação de apenas 10 a partir de 1/03 para atender 77 estudantes com deficiência.

3) Suspensão da contratação de professores, a partir do ofício circular n’01/2020/CGRH/DIFES/SESU/MEC de 08/01/2020, que resulta no início do ano letivo com um desfalque de dez professores nas seguintes disciplinas: Arte (música e artes visuais), Educação Especial, Educação Geral, História, Educação Física e Língua Portuguesa. Essa falta de professores impacta na aprendizagem de 28 das 39 turmas existentes. No caso de um/a professor/a adoecer não podemos contratar um novo professor.

Para o pleno funcionamento do colégio precisamos oferecer 1.684 aulas semanais das diferentes disciplinas. Com a suspensão de contratação de novos professores, estamos até início de abril em falta de 221 aulas, sendo que o maior impacto é nos Anos Iniciais por se tratarem de crianças. Os estudantes maiores estão em aula vaga no pátio. Caso o quadro não seja revertido já, até junho teremos 344 aulas semanais não dadas por semana. A cada professor que adoece ou que tem seu contrato finalizado serão mais aulas em aberto. A perda de conteúdo é algo posto. O dano é enorme para os nossos estudantes que terão defasagem em conteúdos importantes pra sua formação.

O Colégio de Aplicação é referência pelo ensino que oferece. As 5.377 inscrições para 60 vagas oferecidas para 2020 demonstram a confiança que as famílias depositam no nosso trabalho. Nossas famílias e estudantes compartilham da mesma insegurança e instabilidade que nós gestores estamos sentindo.

A qualidade do ensino oferecido por nós não é à toa. Nossos professores são profissionais de excelência. A carreira de um/a professor/a da esfera federal é pautada no tripé ensino, pesquisa e extensão. Este é o diferencial de um colégio de aplicação, de um colégio que faz parte de uma universidade. Os/as professores/as do CA, além das horas em sala de aula, planejam as atividades dos estudantes, participam de reuniões, realizam atividades de ordem administrativa, orientam estágios, desenvolvem projetos de pesquisa e de extensão, participam de editais, os quais financiam bolsistas (iniciação científica no Ensino Médio e Graduação, projetos de extensão e estágios não obrigatórios e de acessibilidade).

O que nos possibilita oferecer um ensino de qualidade é a própria natureza do nosso trabalho: a formação de novos profissionais através da supervisão dos estágios, a elaboração e aplicação de inovações pedagógicas. Isto está regulamentado através da Portaria 959/MEC/2013, a qual determina que nossos profissionais devem “desenvolver de forma indissociável, atividades de ensino, pesquisa e extensão voltados para a inovação pedagógica e para formação docente na educação básica”.

Para ilustrar a dimensão e seriedade do nosso trabalho, em 2019 foram desenvolvidos no nosso colégio, 38 projetos de pesquisa, 63 projetos de extensão, 70 eventos de extensão, 17 cursos de extensão (com + de 16 horas), 234 atividades docentes (congressos, publicações e bancas examinadores), 353 estágios nas diferentes disciplinas e setores. No caso dos estágios não obrigatórios, aqueles destinados às turmas de acessibilidade educacional, estamos desde 2018 sofrendo redução de número de bolsas PIBE e Acessibilidade, aquelas destinadas às turmas com estudantes com deficiência. Em 2018 foram 99 estagiários, em 2019 tiram 66 estágios e para 2020 a previsão é de 10 bolsas para atender 77 estudantes.

Solicitamos a nossa comunidade escolar que socializem o problema que estamos enfrentando e se organize nas instâncias de representatividade: APP, GECA, SINTUFSC e APUFSC.

Somos uma comunidade escolar de quase 2.000 pessoas (estudantes, famílias, professores, técnicos e estagiários) e estamos nos sentido ameaçados. Nossas autoridades governamentais precisam garantir as condições necessárias para o nosso funcionamento.

Nos próximos dias os profissionais do Colégio de Aplicação irão se reunir para definir os encaminhamentos que serão adotados após o recesso do carnaval.

Solicitamos aos familiares que fiquem atentos aos comunicados que serão enviados via agenda e disponibilizados na página do Colégio de Aplicação. https://www.ca.ufsc.br.

O Colégio de Aplicação é um património público, produz e socializa conhecimento.

O CA/UFSC é de !                                                                          Respeitosamente,

Direção do Colégio de Aplicação